quarta-feira, 28 de agosto de 2024

À Leyana a Luz da Minha Lua

No vasto Índico, a lua brilha,

Reflexos de prata dançam nas ondas, 

Seu brilho suave, como a luz de uma filha, 

Faz o coração do mar em sonhos se sonda.


As ondas sussurram segredos antigos, 

Como risos de crianças ao entardecer, 

Cada onda carrega sorrisos e amigos,

E o mundo inteiro começa a renascer. 


O sorriso de uma criança puro e radiante, 

É como o sol que nasce após a noite, 

Espalha alegria, é luz constante, 

No abraço do mar, que nunca se açoite.


Oh, lua do Índico, guardiã dos mares, 

Com o seu olhar terno, ilumina o caminho, 

E no brilho sincero dos sorrisos diários, 

A vida se enche de amor e carinho. 


Nkamamule Lomwe




terça-feira, 9 de julho de 2024

Meu Mar

Abraçado ao mar,  

Enlaço-me em sua brisa 

E em suas margens encanto-me.  

 

Acaricio suas ondas,  

Beijo suavemente seus lábios. 

Aconchego-me, profundamente em suas águas. 

 

Meu mar tem encanto,  

Exala perfumes que me embriagam,  

Seus mistérios são infinitos e,  

As sensações inesquecíveis.  

 

Meu mar é sereno, afectuoso, generoso 

E possui a alma de uma jovem apaixonada. 

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Aos meus Amigos

I
Fiz amigos pelo mundo,
Desde crianças, oh Edmundo,
No areal da nossa eterna Munhuana
Com o Vady ao som do Samanguana.
Fiz saudosos e bons companheiros,
O Dinho e Gabito, não eram rafeiros,
Desde o Alto-Maé, nossa escola Primária,
Contemplando, embevecidos, as Coxas da Maria.

II
Tenho amigos para toda vida,
O nosso mais velho (malandro) Boavida,
Outros que num inesperado tropeço,
Se foram. Onésio, de ti não esqueço.
O tempo trouxe outros: o Lino,
Tão fácil no trato e no falar fino,
O maconde baixinho, esse Bartolomeu,
Amigo de todos que não é só meu.

III
Uns com nomes fáceis e outros espinhosos,
O Leovigildo, um deles, mas de modos carinhosos.
Uns mais novos e outros de longa idade,
Quão o de nome de ave, o Perdigão, essa sumidade.
O Tarcílio, o nosso Munguas, sempre jovial,
Que por bandas de Chidenguele tem o seu umbilical.
O meu puto, dócil, mas de nome cortante,
O Espada, com seu estilo único e elegante.

IV
Não me vão condenar pelo esquecimento,
Sei do Jairoce, essa estrela do conhecimento.
Esse amigo macua e hoje eterno laurentino,
Oh Laurindo, nas tuas palavras sempre atino.
 Nas longas e doces noites de sons etílicos,
O Célio desarmado, mas de gestos bélicos.
Sei de muitos outros. Doces e grandes de coração,
Sempre dispostos, incondicionalmente, a dar uma mão.


O Calão, o Anselmo, os Albertos (Magaia e Vombe), o Cuna, esse Custódio, que guarda em boa custódia uma longa amizade, o Titos, o Dúlio, o Nitó, o Paulo Cossa, o amigo Paulino, o Nadito, o Chissano, o Hobjana, o Duvaldo, o Nandinho Baixinho, o Cady-Cady, enfim uma infinita lista de amigos, bons amigos que o tempo soube dar-me e conservar.

Minha Negra

Enrolei-me nas tuas negras madeixas,
O cheiro a flor, embebedava meus desejos,
E a paixão de rapaz de outrora despertada.
Encantava-me abraçar-te na madrugada estrelada,
Sentir o cheiro de preta, malandra e menina,
Perfumar meu másculo corpo até a exaustão.

Nos pasmos da minha longa excitação,
Minha linda negra, num entrelaçado abraço
Marrabentava os seus indescritíveis prazeres,
Sobre meu envelhecido e cansado dorso,
Depois a música parava e a dança também,
Já bem distante, sussurrava palavras imperceptíveis.

Nosso leito inundado de suaves humores e,
As paredes, essas, inquietas no seu silêncio,
Contemplam o contorcer mágico dos corpos
Que loquazmente mudos, vibram ao alumiar da lua.
Depois os gritos, aflitos, se vão e o som esmorece,
Num imperceptível e tumular calar. Minha negra.

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Inhassunge

Vi palmares do berço paterno arderem
E o arrozal, outrora verde, ficar cinza.
Senti a dor da navalha esventrar, sem ressentimento,
A jovem mãe que esperava ansiosa seu filho.
Sou filho putativo da guerra, essa maldita que tirou
Impiedosamente, na madrugada cheia de estrelas,
O irmão com quem partilhei mergulhos nos Bons Sinais.

Vi o céu ensanguentado pelas rajadas de metralhadora,
Que rasgavam nervosamente seu ventre. Na palidez da noite serrada,
Ouvi gente embriagada de raiva a profanar sua vulva e berrando
Seus ignóbeis feitos. Malditos.
Suas cicatrizes, eram profundas e a dor carcomia a sua carne,
Putrefacta pelo peso de corpos também putrefactos.

Oh minha terra paterna, onde a terra comeu seu filhos,
E de seu ventre estéril não mais germinou frutos. A machamba envergonhada,
Não produziu o matago  para alimentar sua prole.
De seu peito materno não mais caiu leite. Só sangue.
Das margens dos Bons Sinais emergiram corpos decompostos,
O peixe outrora saboroso, aportara em outras margens.
Oh minha terra paterna, que a guerra levou.



terça-feira, 9 de junho de 2015

Um Lugar Qualquer

Queria partilhar, num lugar qualquer, despreocupado
O prazer de estar na tua presença. Cantar uma canção sem letra e,
Dançar o teu ventre sensual. Sorrir e dar vénias ao orgasmo.
Queria estar num lugar, mesmo comum, na tua presença,
Abraçarmos o vento e dizer palavras de encantar.

Queria dizer amor, sem pronunciar uma palavra sequer,
Falar a linguagem do olhar, sem entretanto abrir os olhos,
Olhar para os teus olhos e colher nos teus seios flores,
Passear em teu corpo, na velocidade dos meus sentimentos,
E terminar multado na auto – estrada das tuas entranhas.

Queria fazer contigo o que com mais ninguém fiz,
E tornar-me o super herói dos teus suaves sonhos.
Partilhar, no teu doce leito, suores intermináveis,
Tornando nossos prazeres em perdidos náufragos,
Procurando um lugar qualquer para aportar seu cansaço.   

Maputo, 14 de Janeiro de 2014


Detesto as Kalashnikov’s

Detesto as Kalashnikov’s. Definitivamente não morro de amores por elas. São geladas, cínicas, orgulhosas, mesquinhas, inóspitas. Não tenho inveja de quem as tenha ao colo, abraçadas. Pelo menos, em relação a elas não mora em mim nenhum sinal de ciúme. Que as transformem em enxadas, essas sim, trabalhadoras, esposas exemplares, ditosas, lindas, atraentes, sensuais e virtuosas.

Detesto as Kalashnikov’s. São tiranas, mandonas, altivas, violentas e possessivas. Por onde exista o seu rasto só dor, sangue, luto, tristeza, morte e choro. Quem com ela case, tarde ou cedo termina devastado e arrastado pelos desamores da outrora amada. Sem saudades, sem beijos doces, sem melosas recordações e sem lembranças dos amorosos passeios no jardim.

Detesto as Kalashnikov’s. Não deixam estudar, trabalhar, construir e produzir. Não sabem amar, só conhecem o ódio, a desgraça alheia, a infelicidade e a inimizade. São parricidas, matricidas, fratricidas, infanticidas, genocidas, enfim, autenticas pregoeiras da morte. Detesto-as, pois em casa onde elas moram não reside a paz, o sossego, a tranquilidade, a amizade.
Detesto as Kalashnikov’s.      

Maputo, 7 de Janeiro de 2014

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Menina Moça



Menina moça, quis que fosses mar,
Numa prazeirosa noite de luar
Contemplando o calmo marulhar
Num discreto e invulgar lugar.

Olhar fixadamente tuas coxas,
Desejar possuir-te nas íngremes rochas
Babar meus prazeres nas tuas madeixas
E lançar no teu rosado seio minhas flechas.

Menina moça que já é senhora
De glúteo avantajado para além da hora,
E que faz milagres que a gente chora
E nela o corrompido de todos os prazeres ancora.

Maputo, 7 de Janeiro de 2014

terça-feira, 6 de abril de 2010

Um Beijo

Este doce beijo é dedicado a minha esposa Ana Nilza pelo dia 7 de Abril (dia da mulher moçambicana) que amanhã se comemora. Um beijo pela forma dedicada e estremosa como eu e o Gyan Carlos somos por ti tratados. Um exemplo de uma verdadeira e grande mulher moçambicana. Por isso o nosso muito obrigado.
Para as mulheres moçambicanas, também dedico este beijo para que continuem dedicadas nas várias batalhas que têm enfrentado no dia à dia.


Perdi-me em lugares mil
E, vagueei como louco
Ao encontro de um porto seguro.
Chamaram-me senil
E isto não foi pouco,
Pois tinham-me por impuro.

Quando acordei deste sonho
Ainda meio sem jeito,
Colocaste-me ao peito
Limpaste-me a face deste sonho medonho
E aportei em ti com um doce beijo.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Muhipiti

Cá estás bela e encantadora,
Teu rosto mascarado de mussiro...
Nos teus intrincados becos escodes beleza.
Lá estás bela Muhipiti. Doce. Tranquila.

Teu marrulhar tem saudades do amante que foi,
Que perdido no escuro das ruas do mar não mais voltou,
Talvez encantado pelo feitiço de outras sereias.
Muhipiti é também sereia. Tem feitiço nos olhos,
Seu corpo, apesar de envelhecido pelos anos é desejável.
Quando chega a noite canta seus amores,
Que vindos do além mar partiram deixando seus filhos.
Filhos de partos sem dor. Bastardos. Esquecidos.

Mesmo cansada, Muhipiti guarda seu encanto,
Em seu agridoce coração que o mar vai comendo.Tem fantasmas.
As almas percorrem por seus becos na recordação de milenares alegrias.
Muhipiti tem em suas entranhas filhos das naus,
Aprisionados nas masmorras de São Sebastião.
Ouço-os gritarem insonoros socorros,
Para que sejam abertas as portas para sua liberdade.
Pagam a pena pelo sangue derramado nas coxas de Muhipiti.

Realmente, Muhipiti tem beleza,
E filhos de outras mães vem dormir o seu sono no leito de Muhipiti.
Encantados, catam os cabelos brancos de Muhipiti,
Tentam dar uma forma jovial e alegre. Ela Sorri,
Disfarçando os longos anos de esquecimento a que foi votada.
Ode Muhipiti, teus filhos amam-te.

Menina de Muhala


É menina linda de Muhala,
Que tem gingar no andar,
E doce melôdia na fala.
Sua fala macua é de encantar,
Sabe, no seu jeito, roubar distraídos corações,
E fazer, pelo seu corpo, inúmeras paixões.

É Joaninha de Muhala,
Que tenho em meus pensamentos,
Com quem disputo os meus tormentos.
Cartas minhas, beijos, recados. Nada lhe abala.
Meu sentimento é mais um de vários,
É mais um incauto coração em mil delírios.

É a bela dançarina de Muhala,
Que dança, no seu andar, uma música insonora,
Que faz o atrasado trabalhador perder a hora.   
É dela e só dela que a zona fala.