Inhassunge
E o arrozal, outrora verde, ficar cinza.
Senti a dor da navalha esventrar, sem ressentimento,
A jovem mãe que esperava ansiosa seu filho.
Sou filho putativo da guerra, essa maldita que tirou
Impiedosamente, na madrugada cheia de estrelas,
O irmão com quem partilhei mergulhos nos Bons Sinais.
Vi o céu ensanguentado pelas rajadas de metralhadora,
Que rasgavam nervosamente seu ventre. Na palidez da noite
serrada,
Ouvi gente embriagada de raiva a profanar sua vulva e berrando
Seus ignóbeis feitos. Malditos.
Suas cicatrizes, eram profundas e a dor carcomia a sua
carne,
Putrefacta pelo peso de corpos também putrefactos.
Oh minha terra paterna, onde a terra comeu seu filhos,
E de seu ventre estéril não mais germinou frutos. A
machamba envergonhada,
Não produziu o matago para alimentar sua prole.
De seu peito materno não mais caiu leite. Só sangue.
Das margens dos Bons Sinais emergiram corpos decompostos,
O peixe outrora saboroso, aportara em outras margens.
Oh minha terra paterna, que a guerra levou.
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