Detesto as Kalashnikov’s
Detesto
as Kalashnikov’s. Definitivamente não morro de amores por elas. São geladas,
cínicas, orgulhosas, mesquinhas, inóspitas. Não tenho inveja de quem as tenha
ao colo, abraçadas. Pelo menos, em relação a elas não mora em mim nenhum sinal
de ciúme. Que as transformem em enxadas, essas sim, trabalhadoras, esposas
exemplares, ditosas, lindas, atraentes, sensuais e virtuosas.
Detesto
as Kalashnikov’s. São tiranas, mandonas, altivas, violentas e possessivas. Por
onde exista o seu rasto só dor, sangue, luto, tristeza, morte e choro. Quem com
ela case, tarde ou cedo termina devastado e arrastado pelos desamores da
outrora amada. Sem saudades, sem beijos doces, sem melosas recordações e sem
lembranças dos amorosos passeios no jardim.
Detesto
as Kalashnikov’s. Não deixam estudar, trabalhar, construir e produzir. Não
sabem amar, só conhecem o ódio, a desgraça alheia, a infelicidade e a
inimizade. São parricidas, matricidas, fratricidas, infanticidas, genocidas,
enfim, autenticas pregoeiras da morte. Detesto-as, pois em casa onde elas moram
não reside a paz, o sossego, a tranquilidade, a amizade.
Detesto
as Kalashnikov’s.
Maputo, 7 de
Janeiro de 2014
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