terça-feira, 9 de junho de 2015

Detesto as Kalashnikov’s

Detesto as Kalashnikov’s. Definitivamente não morro de amores por elas. São geladas, cínicas, orgulhosas, mesquinhas, inóspitas. Não tenho inveja de quem as tenha ao colo, abraçadas. Pelo menos, em relação a elas não mora em mim nenhum sinal de ciúme. Que as transformem em enxadas, essas sim, trabalhadoras, esposas exemplares, ditosas, lindas, atraentes, sensuais e virtuosas.

Detesto as Kalashnikov’s. São tiranas, mandonas, altivas, violentas e possessivas. Por onde exista o seu rasto só dor, sangue, luto, tristeza, morte e choro. Quem com ela case, tarde ou cedo termina devastado e arrastado pelos desamores da outrora amada. Sem saudades, sem beijos doces, sem melosas recordações e sem lembranças dos amorosos passeios no jardim.

Detesto as Kalashnikov’s. Não deixam estudar, trabalhar, construir e produzir. Não sabem amar, só conhecem o ódio, a desgraça alheia, a infelicidade e a inimizade. São parricidas, matricidas, fratricidas, infanticidas, genocidas, enfim, autenticas pregoeiras da morte. Detesto-as, pois em casa onde elas moram não reside a paz, o sossego, a tranquilidade, a amizade.
Detesto as Kalashnikov’s.      

Maputo, 7 de Janeiro de 2014

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