segunda-feira, 5 de abril de 2010

Muhipiti

Cá estás bela e encantadora,
Teu rosto mascarado de mussiro...
Nos teus intrincados becos escodes beleza.
Lá estás bela Muhipiti. Doce. Tranquila.

Teu marrulhar tem saudades do amante que foi,
Que perdido no escuro das ruas do mar não mais voltou,
Talvez encantado pelo feitiço de outras sereias.
Muhipiti é também sereia. Tem feitiço nos olhos,
Seu corpo, apesar de envelhecido pelos anos é desejável.
Quando chega a noite canta seus amores,
Que vindos do além mar partiram deixando seus filhos.
Filhos de partos sem dor. Bastardos. Esquecidos.

Mesmo cansada, Muhipiti guarda seu encanto,
Em seu agridoce coração que o mar vai comendo.Tem fantasmas.
As almas percorrem por seus becos na recordação de milenares alegrias.
Muhipiti tem em suas entranhas filhos das naus,
Aprisionados nas masmorras de São Sebastião.
Ouço-os gritarem insonoros socorros,
Para que sejam abertas as portas para sua liberdade.
Pagam a pena pelo sangue derramado nas coxas de Muhipiti.

Realmente, Muhipiti tem beleza,
E filhos de outras mães vem dormir o seu sono no leito de Muhipiti.
Encantados, catam os cabelos brancos de Muhipiti,
Tentam dar uma forma jovial e alegre. Ela Sorri,
Disfarçando os longos anos de esquecimento a que foi votada.
Ode Muhipiti, teus filhos amam-te.

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