terça-feira, 9 de junho de 2015

Um Lugar Qualquer

Queria partilhar, num lugar qualquer, despreocupado
O prazer de estar na tua presença. Cantar uma canção sem letra e,
Dançar o teu ventre sensual. Sorrir e dar vénias ao orgasmo.
Queria estar num lugar, mesmo comum, na tua presença,
Abraçarmos o vento e dizer palavras de encantar.

Queria dizer amor, sem pronunciar uma palavra sequer,
Falar a linguagem do olhar, sem entretanto abrir os olhos,
Olhar para os teus olhos e colher nos teus seios flores,
Passear em teu corpo, na velocidade dos meus sentimentos,
E terminar multado na auto – estrada das tuas entranhas.

Queria fazer contigo o que com mais ninguém fiz,
E tornar-me o super herói dos teus suaves sonhos.
Partilhar, no teu doce leito, suores intermináveis,
Tornando nossos prazeres em perdidos náufragos,
Procurando um lugar qualquer para aportar seu cansaço.   

Maputo, 14 de Janeiro de 2014


Detesto as Kalashnikov’s

Detesto as Kalashnikov’s. Definitivamente não morro de amores por elas. São geladas, cínicas, orgulhosas, mesquinhas, inóspitas. Não tenho inveja de quem as tenha ao colo, abraçadas. Pelo menos, em relação a elas não mora em mim nenhum sinal de ciúme. Que as transformem em enxadas, essas sim, trabalhadoras, esposas exemplares, ditosas, lindas, atraentes, sensuais e virtuosas.

Detesto as Kalashnikov’s. São tiranas, mandonas, altivas, violentas e possessivas. Por onde exista o seu rasto só dor, sangue, luto, tristeza, morte e choro. Quem com ela case, tarde ou cedo termina devastado e arrastado pelos desamores da outrora amada. Sem saudades, sem beijos doces, sem melosas recordações e sem lembranças dos amorosos passeios no jardim.

Detesto as Kalashnikov’s. Não deixam estudar, trabalhar, construir e produzir. Não sabem amar, só conhecem o ódio, a desgraça alheia, a infelicidade e a inimizade. São parricidas, matricidas, fratricidas, infanticidas, genocidas, enfim, autenticas pregoeiras da morte. Detesto-as, pois em casa onde elas moram não reside a paz, o sossego, a tranquilidade, a amizade.
Detesto as Kalashnikov’s.      

Maputo, 7 de Janeiro de 2014

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Menina Moça



Menina moça, quis que fosses mar,
Numa prazeirosa noite de luar
Contemplando o calmo marulhar
Num discreto e invulgar lugar.

Olhar fixadamente tuas coxas,
Desejar possuir-te nas íngremes rochas
Babar meus prazeres nas tuas madeixas
E lançar no teu rosado seio minhas flechas.

Menina moça que já é senhora
De glúteo avantajado para além da hora,
E que faz milagres que a gente chora
E nela o corrompido de todos os prazeres ancora.

Maputo, 7 de Janeiro de 2014