terça-feira, 6 de abril de 2010

Um Beijo

Este doce beijo é dedicado a minha esposa Ana Nilza pelo dia 7 de Abril (dia da mulher moçambicana) que amanhã se comemora. Um beijo pela forma dedicada e estremosa como eu e o Gyan Carlos somos por ti tratados. Um exemplo de uma verdadeira e grande mulher moçambicana. Por isso o nosso muito obrigado.
Para as mulheres moçambicanas, também dedico este beijo para que continuem dedicadas nas várias batalhas que têm enfrentado no dia à dia.


Perdi-me em lugares mil
E, vagueei como louco
Ao encontro de um porto seguro.
Chamaram-me senil
E isto não foi pouco,
Pois tinham-me por impuro.

Quando acordei deste sonho
Ainda meio sem jeito,
Colocaste-me ao peito
Limpaste-me a face deste sonho medonho
E aportei em ti com um doce beijo.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Muhipiti

Cá estás bela e encantadora,
Teu rosto mascarado de mussiro...
Nos teus intrincados becos escodes beleza.
Lá estás bela Muhipiti. Doce. Tranquila.

Teu marrulhar tem saudades do amante que foi,
Que perdido no escuro das ruas do mar não mais voltou,
Talvez encantado pelo feitiço de outras sereias.
Muhipiti é também sereia. Tem feitiço nos olhos,
Seu corpo, apesar de envelhecido pelos anos é desejável.
Quando chega a noite canta seus amores,
Que vindos do além mar partiram deixando seus filhos.
Filhos de partos sem dor. Bastardos. Esquecidos.

Mesmo cansada, Muhipiti guarda seu encanto,
Em seu agridoce coração que o mar vai comendo.Tem fantasmas.
As almas percorrem por seus becos na recordação de milenares alegrias.
Muhipiti tem em suas entranhas filhos das naus,
Aprisionados nas masmorras de São Sebastião.
Ouço-os gritarem insonoros socorros,
Para que sejam abertas as portas para sua liberdade.
Pagam a pena pelo sangue derramado nas coxas de Muhipiti.

Realmente, Muhipiti tem beleza,
E filhos de outras mães vem dormir o seu sono no leito de Muhipiti.
Encantados, catam os cabelos brancos de Muhipiti,
Tentam dar uma forma jovial e alegre. Ela Sorri,
Disfarçando os longos anos de esquecimento a que foi votada.
Ode Muhipiti, teus filhos amam-te.

Menina de Muhala


É menina linda de Muhala,
Que tem gingar no andar,
E doce melôdia na fala.
Sua fala macua é de encantar,
Sabe, no seu jeito, roubar distraídos corações,
E fazer, pelo seu corpo, inúmeras paixões.

É Joaninha de Muhala,
Que tenho em meus pensamentos,
Com quem disputo os meus tormentos.
Cartas minhas, beijos, recados. Nada lhe abala.
Meu sentimento é mais um de vários,
É mais um incauto coração em mil delírios.

É a bela dançarina de Muhala,
Que dança, no seu andar, uma música insonora,
Que faz o atrasado trabalhador perder a hora.   
É dela e só dela que a zona fala.